BIENAL DA AGRICULTURA: Gargalo em logística aumenta frete em até R$ 2,4 bi
Data:10/08/2013 - Hora:08h51
Foto: Assessoria
Cem reais por tonelada de grãos separam agricultores de Mato Grosso da sonhada superação de gargalos logísticos no escoamento da produção.
Essa é a diferença nos custos de frete no comparativo entre duas grandes rotas de escoamento de safra, considerando os mesmos pontos de partida e chegada, o polo de Lucas do Rio Verde e Shangai, na China: os tradicionais portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR) e as vias de Miritituba e Santarém (PA), pela rota da BR-163, ainda não pavimentada no Estado vizinho. Numa rápida matemática, a diferença na planilha do setor chega a um montante de R$ 2,4 bilhões por safra.
Pesquisa aponta que o preço pago pelo produtor para escoar uma tonelada de grãos pelos dois maiores portos do Centro-Sul do país é de R$ 333, ao passo que a despesa cai para R$ 238 a tonelada com o caminho pavimentado BR-163 Norte afora. Esses e outros dados fazem parte do estudo inédito elaborado pelo Projeto Centro-Oeste Competitivo, apresentado na sexta-feira (9), na Bienal dos Negócios da Agricultura Brasil Central.
Segundo Olivier Roger Sylvain Girard, sócio da empresa Macrologística e responsável pelo levantamento, o tema é de fundamental importância quando se leva em conta a necessidade de mudanças profundas para evitar maiores prejuízos ao escoamento da safra e, consequentemente, ao crescimento do agronegócio no país.
O raio-X logístico completo inclui a análise de outras opções de rotas de escoamento, tendo como destinos finais Shangai e Roterdã, na Europa. O projeto capitaneado pelas entidades da Indústria, Comércio e Agricultura dos Estados da região Centro-Oeste.
A preocupação do setor produtivo aumenta diante do anúncio de novos recordes nas lavouras. Dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) indicam que Mato Grosso produzirá na safra 2013/14, 25,28 milhões de toneladas. Considerando essa mesma estimativa, para efeito de comparação, caso toda a safra mato-grossense fosse escoada por Santarém, o custo total de frete seria de cerca de R$ 6 bilhões ante R$ 8,4 bilhões via Santos e Paranaguá, por meio da interação modal entre rodovia e ferrovia, uma diferença de R$ 2,4 bilhões.
Conta que pesa sobre o setor e também na mesa do consumidor final. Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, os investimentos feitos em logística de transporte ainda são tímidos, resultando na ineficiência da competitividade de agricultores e provocando um efeito cascata na cadeia produtiva. “As estradas ruins ou em péssimas condições - ou o que é pior, a falta delas – causa prejuízos a quem produz e a quem consome. O produto final que chega ao supermercado precisa ser mais barato para quem compra ao mesmo tempo que remunera de forma justa a quem produz. Nós perdemos competitividade e esse preço mais barato fica no meio do caminho, junto com a remuneração do produtor”, alerta, ao destacar que os dados do estudo pautarão as próximas reivindicações do setor junto ao governo federal.
A Bienal – Organizada pelas Federações da Agricultura e Pecuária dos Estados de Mato Grosso (Famato), Mato Grosso do Sul (Famasul), Goiás (Faeg) e Distrito Federal (Fape-DF).
fonte: Assessoria Bienal da Agricultura
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