1º de Maio: Entre o Passado de Luta e o Presente de Desigualdades
Data:02/05/2025 - Hora:08h54
Reprodução Web
O 1º de Maio, Dia do Trabalhador, é um marco que vai muito além de uma data comemorativa. Sua origem remonta a 1886, quando trabalhadores em Chicago, nos Estados Unidos, se mobilizaram para exigir a jornada de 8 horas de trabalho. O movimento, que teve início pacífico, terminou em um massacre, com mortes e prisões, mas fez ecoar pelo mundo a necessidade de garantir direitos trabalhistas fundamentais. A luta daqueles trabalhadores virou símbolo universal de resistência, conquistando o reconhecimento de um direito básico que deveria ser comum a todos os trabalhadores. No Brasil, a data foi oficialmente consagrada em 1925, e a partir da criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em 1943, o país passou a reforçar sua ideia de valorização do trabalho. No entanto, a realidade do trabalhador brasileiro, mais de 80 anos depois, ainda está longe do ideal de dignidade e igualdade.
Em 2024, o Brasil registrou a menor taxa de desemprego em mais de uma década, com 6,1% da população desocupada. Esse dado, à primeira vista, pode parecer uma boa notícia, mas não reflete a totalidade da realidade. A informalidade no mercado de trabalho, que atinge 38,7% dos trabalhadores, permanece como uma das maiores chagas da economia brasileira. Em outras palavras, um em cada três brasileiros não tem acesso aos direitos trabalhistas garantidos por lei, como férias, 13º salário, aposentadoria e descanso remunerado. Para piorar, o salário médio mensal no país é de R$ 3.285,00, valor insuficiente para cobrir os custos de uma vida digna, especialmente diante da inflação persistente e do aumento do custo de vida.
Além disso, o cenário de precarização do trabalho se intensifica com a ascensão de novos modelos de ocupação, como os empregos informais por aplicativos e plataformas digitais. Embora esses modelos tragam uma aparente flexibilidade, na prática, a falta de regulamentação e direitos trabalhistas para os trabalhadores dessas plataformas só acentua a exploração e a insegurança. O trabalho não é mais, em muitos casos, sinônimo de estabilidade e proteção. Ele se tornou uma luta diária por sobrevivência.
A reforma trabalhista de 2017, que visava modernizar as leis, se apresentou como uma oportunidade para um novo modelo de emprego. Porém, o que vemos é um aumento da desigualdade entre trabalhadores formais e informais, uma fragilização das relações de trabalho e uma ampliação da exploração no mercado. O que era prometido como modernização se traduz em mais insegurança para uma enorme parcela da população.
Neste 1º de Maio, é essencial refletirmos sobre o que significa, de fato, ser trabalhador no Brasil. Não se trata apenas de celebrar conquistas passadas, mas de entender a necessidade de reconstruir os direitos trabalhistas, de forma a incluir todos os trabalhadores em um modelo justo e equitativo. A história do Dia do Trabalhador nos ensina que, enquanto o trabalho não for sinônimo de dignidade e respeito, as lutas continuam. Não podemos deixar que o retrocesso se torne a norma.
Por isso, o Dia do Trabalhador deve ser mais do que uma data comemorativa. Ele deve ser um alerta para as desigualdades que ainda persistem, um dia de renovar o compromisso com a luta por melhores condições de trabalho, por direitos e por justiça social. O Brasil precisa entender que o progresso econômico não pode ser construído à custa da exploração do trabalho. É necessário garantir, de fato, que todos os trabalhadores — de todas as classes, setores e regiões — tenham as mesmas oportunidades, direitos e, acima de tudo, respeito.
Por isso, ao celebrar o Dia do Trabalhador, não podemos apenas olhar para o passado e comemorar as vitórias já conquistadas. É preciso também olhar para o presente e para o futuro, exigindo que o trabalho volte a ser sinônimo de dignidade, justiça e respeito. O Brasil que celebra o 1º de Maio precisa ser um Brasil onde todos, de todas as regiões e setores, tenham a oportunidade de trabalhar com segurança, condições adequadas e direitos assegurados. Um Brasil onde o progresso econômico não se faça às custas do sofrimento humano e da exploração.
O Dia do Trabalhador, portanto, deve ser mais do que um simples feriado. Deve ser um chamado à ação, à luta e à reconstrução dos direitos que, ao longo da história, foram conquistados e que, hoje, correm o risco de ser perdidos.
fonte: Da Redação
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