O mês de novembro é marcado pela campanha do Novembro Azul, um movimento internacional que visa chamar atenção para o câncer de próstata, um dos mais comuns entre homens. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), esse tipo de câncer é o segundo mais prevalente entre homens no Brasil, representando cerca de 29% de todos os diagnósticos de câncer masculino, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Em 2023, a estimativa foi de aproximadamente 66 mil novos casos no Brasil, com índices de mortalidade que alertam para a importância de uma ação imediata. Mesmo com números tão elevados, a doença ainda é cercada de estigmas e preconceitos, o que leva muitos homens a evitarem os exames preventivos.

O câncer de próstata é uma doença silenciosa, muitas vezes sem sintomas iniciais perceptíveis. Quando os sintomas aparecem, como dificuldade de urinar ou dor pélvica, o tumor pode já estar em estágio avançado, dificultando o tratamento e reduzindo as chances de cura. Dados do INCA indicam que o diagnóstico precoce aumenta as chances de cura para até 90%. No entanto, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), muitos homens ainda têm resistência aos exames preventivos, especialmente ao exame de toque retal, que, aliado ao exame de PSA (antígeno prostático específico), é uma das principais ferramentas de detecção precoce.

Para muitos homens, o exame de toque retal ainda é um tabu. Questões culturais e preconceitos estão entre os motivos que levam ao adiamento ou até à rejeição total do exame, que é rápido e essencial para a detecção precoce. Profissionais de saúde, no entanto, ressaltam que o toque retal é uma avaliação rápida, indolor e que salva vidas. Homens a partir dos 50 anos (ou 45 para os grupos de risco) são aconselhados a realizar o exame anualmente. Grupos de risco incluem homens com histórico familiar da doença e aqueles de ascendência africana, que possuem maior predisposição genética.

O impacto da falta de conscientização também se reflete nos gastos com a saúde pública. Estudos mostram que, em fases iniciais, o tratamento do câncer de próstata pode ser menos invasivo, mais eficaz e menos custoso. Já em estágios avançados, o tratamento se torna mais complexo e caro, e as chances de recuperação caem drasticamente. Dados do Ministério da Saúde indicam que os custos com internações e tratamentos de câncer avançado representam um ônus financeiro considerável ao sistema de saúde, o que poderia ser reduzido com maior investimento em prevenção.

Especialistas alertam que o envolvimento de toda a sociedade é essencial. O apoio de familiares e amigos é um importante incentivo, especialmente em um contexto onde muitos homens ainda evitam discutir temas relacionados à saúde. É um esforço que envolve desmistificar preconceitos e reforçar que cuidar da saúde não é fraqueza, mas sim um ato de responsabilidade e autocuidado. A família e o círculo de amigos desempenham um papel fundamental ao incentivar o diálogo e o apoio à busca por ajuda médica.

O Novembro Azul é um momento para relembrar que a prevenção é o melhor caminho. A campanha pede que cada pessoa compartilhe essa mensagem, incentive a realização de exames e quebre o silêncio que ainda cerca o câncer de próstata. Afinal, para muitos homens, um exame preventivo pode significar a diferença entre a vida e a morte. O diagnóstico precoce salva vidas e traz uma nova perspectiva para a saúde masculina ___***Rosane Michels – Professora e Jornalista

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