Através de cartas, reeducandas contam situações de violência sofrida antes da privação de liberdad
Data:04/11/2021 - Hora:08h14
Reeducandas voluntárias no projeto (Foto: Ana Araujo)
Mulheres das unidades penais de Cáceres e Mato Grosso participaram durante os meses de setembro e outubro do Projeto Inventário Lilás. Lançado no final de agosto, a iniciativa, coordenada pelo Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Penitenciário (GMF), teve como o objetivo estimular as reeducandas a escreverem cartas contando situações de violência que passaram antes da privação de liberdade.
Em Cáceres, doze reeducandas voluntárias participaram do projeto que realizou oficinas de escritas culminando com a entrega das cartas no final do mês de outubro. Além das cartas, as reeducandas tiveram a oportunidade de debater sobre todos os tipos de violência de gênero, e algumas delas narravam suas próprias experiências.
De acordo com o projeto, algumas das histórias contadas nas cartas, serão interpretadas pelos atores do Cena Onze e também serão compiladas em uma cartilha.
Para a psicóloga Cristina Ferreira da Silva, responsável pelo projeto na cadeia feminina em Cáceres, o Inventário lilás muito além de estimular a escrita é uma forma delas serem ouvidas, porque grande parte das mulheres em situação de cárcere privado passaram por algum tipo de violência e através das cartas elas tiveram a oportunidade de romper esse silêncio.
Cristina ressalta que seu trabalho voluntário na Cadeia Pública Feminina, foi iniciado através do Conselho da Comunidade ainda quando cursava a graduação e hoje dá continuidade como forma de agradecimento pela realização da profissão que escolheu e que acredita ser seu maior dom. Ela revelou que além dos atendimentos, desenvolve em conjunto com a direção palestras e muitas outras atividades, envolvendo em certas oportunidades os familiares, objetivando sempre despertar em cada detenta que é possível ter uma vida digna sem voltar à criminalidade.
O coordenador do GMF, juiz Geraldo Fidélis, explicou que o Inventário Lilás une as pessoas, de forma voluntária, para que as reeducandas sejam ouvidas. “O que nos une é a vontade de diminuir um pouco a dor, este é o nosso espírito. Nas cartas serão mostradas as emoções, dores e aflições de antes do cárcere e também no cárcere. Estamos com esta parceria para dar o apoio que for necessário para tentar diminuir este momento dolorido”, concluiu o magistrado.
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Cartas escritas pelas reeducandas de Cáceres (Foto: Cristina Ferreira)
fonte: Da Redação
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