Os riscos delas
Data:20/07/2022 - Hora:07h55
Com tantas notícias tristes e violências brutais contra as mulheres, é inevitável refletir sobre os riscos que elas vêm enfrentando. Em todos os lugares, se ouve falar que mulheres foram agredidas. A mente humana é uma complexidade. Como imaginar que alguém, em sã consciência, poderia utilizar da respectiva profissão, aliás, no caso em espécie, que deveria salvar vidas, para cometer estupros? O anestesista filmado cometendo violência sexual contra aquela mulher não somente indefesa, mas, sedada com componentes químicos por ele administrado, nos oferta a ideia de como as situações estão ocorrendo pela condição de ‘ser mulher’.
A tecnologia tem salvado pessoas e mostrado que muitos fatos acontecem, e já aconteceram, por conta da desigualdade de gênero. A sociedade conviveu e enalteceu por muito tempo aquele que era considerado o “Doutor da Vida”.
Roger Abdelmassih, médico de reprodução humana, porquanto, através das suas mãos muitas anônimas, celebridades e autoridades realizaram o sonho da maternidade e paternidade, foi descoberto. Não tardou para aparecer o estuprador, assediador, e, ainda, capaz de introduzir em diversas mulheres o seu próprio sêmen, e não do respectivo companheiro, marido, ou pessoa por ela escolhida.
Humorista, portador de comédia inteligente, veterano no stand-up comedy, protagonista de conhecida série de TV aberta, Bill Cosby cometeu muitos crimes sexuais. Se utilizava da fama e de comprimidos para dopar as suas vítimas. Quando acordavam, as mulheres tinham vagas lembranças, sem a certeza de terem sido vítimas de crime.
Homem religioso, aliás, capaz de realizar ‘curas’ pelas mãos e orações, João de Deus, ludibriou a tantas pessoas com a carapaça divina. Dentre inúmeras violências a que submeteu mulheres, inclusive, uma filha, foi o enfrentamento de mulheres corajosas que se descobriu o inimaginável: um criminoso.
Mulheres eram as suas vítimas diretas. Uma delas, muito antes da eclosão de denúncias, narrou e buscou o poder público. Quem acreditaria naquela alma? Foi absolvido e teria voltado com mais força em seu intento delituoso.
Algumas narrativas e uma certeza: a dificuldade em se fazer acreditar nas mulheres. Quantas delas, antes da informatização do mundo, morreram a espera de credibilidade e justiça?
Qual a semelhança desses episódios criminosos? Foram cometidos por pessoas acima de qualquer suspeita, e, as vítimas com enormes dificuldades de reação pela fama, ou pela profissão dos agressores. Muitos questionamentos, e não faltam falas de que esses homens são doentes ou monstros. É, muitos deles após serem descobertos alegam doença.
Testes de insanidade mental são realizados. A surpresa: a esmagadora maioria não possui qualquer doença mental. Seriam ignóbeis monstros? Não diria. Monstros se encontram bastante distante, quem sabe em lendas ou folclore... Não, não é o caso.
O que pensar então? As mulheres vivem perigosamente, e, em risco. A qualquer tempo uma mulher pode sofrer violência. E as ações violentas podem ser praticadas por pessoas que convivem normalmente em sociedade.
É preciso compreender, de vez, que eles, os agressores de mulheres, se encontram em todos os lugares, ou, ainda, bem próximos. Podem ser cultos ou não... Doutores, ou não... Pai, avô ou tio. Conhecidos, ou não... Nas ruas, ou em casa...Riscos... E muitos... ___***Rosana Leite Antunes de Barros é defensora pública estadual.
fonte: Rosana Leite Antunes de Barros
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