Meus irmãos e minhas irmãs, estamos percorrendo este tempo quaresmal. E as práticas de piedade propostas pela Igreja ressaltam essa nossa proximidade com Deus e nos dão a possibilidade de um progresso na vida espiritual. E o tema de hoje toca a experiência da oração.
A oração que nos aproxima de Deus, que nos faz enxergar o verdadeiro rosto do Pai. E, hoje, ela aparece no trecho do Evangelho que lemos. Uma coisa interessante: “Se um filho pede um pão, o pai é capaz de dar uma pedra?”. Se peço realmente a Deus algo, Ele não se inclina sobre a minha oração? Precisamos entender aqui que, muitas vezes, na oração, não vou obter aquilo que peço porque a oração também é uma escola, a oração também é uma pedagogia para o nosso amadurecimento espiritual.
Muitas vezes, não obtenho aquilo que peço, ou seja, peço o pão e recebo uma pedra porque, na verdade, essa pedra está dentro do meu coração, essa pedra é o meu coração. Porque, muitas vezes, nós nos colocamos na experiência de oração somente com os nossos interesses, com os nossos apegos, com as nossas pretensões e com as nossas ambições, muitas vezes, egoístas, e baseamos a nossa oração nesses sentimentos e realidades interiores. Então, o que a palavra chama de “pedra” aqui, muitas vezes são esses sentimentos que estão dentro de nós e nós os apresentamos no momento da oração.
Às vezes, de dentro do nosso coração saem o veneno da maldade, saem as nossas pretensões ambiciosas
Na verdade, não rezamos como filhos, muitas vezes, rezamos como donos de Deus, proprietários da graça de Deus e queremos manipular a Deus. Um outro exemplo disso: “Quem pede um peixe, vai receber uma cobra?”. Às vezes, de dentro do nosso coração saem o veneno da maldade, saem as nossas pretensões ambiciosas. Muitas vezes, o veneno sai da nossa oração; muitas vezes, a maldade que está dentro de nós sai do nosso coração no momento em que nos colocamos para rezar.
Você sabe que o peixe é símbolo de Cristo, não é!? Muitas vezes, não pedimos a vida de Cristo na nossa oração; muitas vezes, nós rejeitamos a vida de Cristo e queremos nos deixar guiar pelas maldades do nosso coração. Muitas vezes, nós rezamos mais com o mal do que com o bem, isso muitas vezes está nos nossos corações.
Quantas vezes eu e você rezamos no Pai-Nosso: “Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”, mas não estamos dispostos a perdoar. Rezamos com o veneno do nosso coração, apresentamos essas serpentes no momento da oração.
O bonito é que, nesta caminhada quaresmal, pouco a pouco, vamos reaprendendo o que é realmente a oração. E a oração nos clareia tudo, ela nos faz ver Deus, ela nos faz ver a nós mesmos. Por isso, se nós projetamos aquilo que está no nosso interior sobre Deus, nós vamos rezar mal.
Peçamos ao Senhor que purifique o nosso coração desses sentimentos, dessas pretensões ambiciosas, para que, quando nos apresentarmos diante de Deus, rezemos como filhos.
Sobre todos vós, a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!
Padre Donizete Ferreira - Sacerdote da Comunidade Canção Nova.