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Investigação sobre Sentimento de Culpa
Data:05/12/2019 - Hora:06h49

Toda a escritura de Fiódor Dostoiévski (1821-1881) questiona de forma obsessiva a culpabilidade e a confissão. No limite, digo que seus personagens não matam para mudar o mundo nem para melhorar sua condição de vida nem por vingança... mas só para falar do crime, nomeá-lo, confessá-lo. Na origem, Raskólnikov, do livro “Crime e Castigo” (lançado em 1866, seu sétimo livro), não tem o desejo de matar na alma nem vontade de ser justiceiro. Ele é quase um fantasma. Ingênuo, inocente, quase patético. Ele imagina seu crime como uma cena de sonho, um sonho que ele afasta e que ao mesmo tempo o obceca. Por algum tempo, ele não tem nenhuma razão intelectual para cometer o crime, passar ao ato. Aliás, no início do romance, ao pensar no assassinato da velha usurária, Raskólnikov nem sabe como nomear seu crime. Ele faz menções à “empreitada”, “ao ato”, “aquilo”. “Crime e Castigo” propõe muito bem o problema da liberdade total. O seu herói, o estudante Raskólnikov, cujo nome se origina da seita Raskólnikovs – russos cismáticos que no século 17 não aceitaram a versão dos livros santos aprovada por um sínodo por ordem do patriarca Nikone, preferindo ser perseguidos e deportados – é, pois um cismático... Cometendo seu crime, ele se separa da comunidade humana (quer ser total para dominar o próximo). Cometido o crime, ele não poderá mais viver, se não voltar a essa comunidade, acusando-se, confessando-se, e expiando o seu ato cuja virtude – assim que foi cometido – está inteiramente perdida. E assim o romance famoso também a história de um remorso, muito mais que a de um crime.

O crime de Raskólnikov é, em última instância, paradigmático da condição humana: o que o homem é. Ainda assim, “Crime e Castigo” é um romance sobre sofrimento, culpa e a possibilidade de uma nova consciência. Um romance sobre um homem se tornando... A experiência final da verdade de Raskólnikov é o epílogo de uma epifania tornada possível pela presença de Raskólnikov nas memórias mais profundas da sua infância. O que Raskólnikov finalmente experimenta, o leitor já havia “aprendido lendo o romance.” Embora Raskólnikov desmereça em parte o romance, “Crime e Castigo” tem dinâmica bastante para reabilitá-lo e se manter como uma das obras capitais de Dostoiévski e, precisamente, por revitalizar-se e fazer-se na derrota da personagem. Pois, afinal, um texto não é representado pela sua personagem mais importante, ou mesmo pela problemática que ela carrega. Um livro impõe-se por seu conjunto, e só nele pode ser visto, as partes e os planos que o constituem contribuindo todos na direção preestabelecida da ideia geral, motivando-se e interagindo, criando e fazendo surgir, no fim, a pretendida resultante do trabalho do artista. ***___ Rubens Shirassu Júnior  - Autor, entre outros, de Religar às Origens (ensaios e artigos, 2011) e Sombras da Teia (contos, 2017) www.rubensshirassujr.blogspot.com




fonte: Rubens Shirassu Júnior



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Também estreando idade nova, a sempre elegante, Carla Samartino, que neste sábado apaga velinha e recebe o carinho mais que especial dos familiares e rol de amigos. Sucessos, Saúde, Amor, Paz e Prosperidades, são os nossos votos para o novo ano.  A coluna de hoje é dedicada a amiga de longas datas, Fidelmaria Reis, que nesta semana recebeu quilométricas homenagens pela comemoração de mais um ano. Na oportunidade filhos, netos, amigos cantaram o tradicional Parabéns.  Nós da família do JCC desejamos que esse novo ano seja o melhor que já viveu. Feliz Aniversário! Celebrou data nova a linda Juliana Bruzzon que recebeu os calorosos abraços dos pais Amarildo e Zezé, dos amigos e familiares. Desejamos um ano pleno de alegrias e sonhos realizados.
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