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O Grito em Silêncio
Data:22/11/2019 - Hora:07h24

O silêncio tem voz, e ela se faz ecoar. Quase como um grito no meio da mata fechada. Quando criança, com uma funda ou estilingue em uma das mãos, em meio a matos e árvores encorpadas, por vezes, gritaram e, depois, esperavam para ouvir os próprios ecos. Chegavam a disputar qual deles tinha o eco mais forte e mais longo. O perdedor, como sempre, tornava-se vítima de gozação e piadas. Aliás, entre a gurizada, qualquer coisa era motivo para caçoadas. E se o caçoado se enfurecesse, aí era pior, uma vez que a situação se estendia por horas, e muitas vezes por dias. Talvez, leitor (a), tenha se deliciado também de tal brincadeira. Brincou-se? Se a resposta for sim, igualmente tem saudosas recordações de uma época que se foi, e, infelizmente, jamais voltará. A não ser como lembranças, revividas tão logo se abre o baú da memória.

Baú abarrotado. Revisitá-lo é uma viagem. Viagem atemporal. E quem a realiza, sente-se de pertinho as imagens pretéritas e se vê embriagado por elas, tendo a sensação de ouvir os antigos sons, cânticos dos pássaros, risadas e gritos dos companheiros, ainda que taciturnamente. Isto é revelador. Revela algo que se trazia guardado a sete chaves.  Não são diferentes com determinados comportamentos. Estes são mantidos bem no fundo do porão, especialmente quando se vive em um ambiente monitorado pelo chamado politicamente correto. Na ausência deste ambiente, gente que se apresentava de um jeito, esforçadamente “tolerante” e “pacífico”, parece liberta e se solta sem receios, despido de quaisquer inibições ou ressentimentos. As atitudes, outrora escondidas, afloram-se, ocupam os espaços, e se multiplicam, pois se somam aos que já se encontravam visíveis, cujos ecos quase não se podiam ouvir, embora fossem perceptíveis. E, agora, realçam gigantescamente. Tudo sob um “novo” signo, uma “nova” e “velha” melodia, que se ouve ao longe, ecoada por todos os cantos do país.

O que era tido como doença, volta-se como remédio. “Como pode?” Indagaria alguém boquiaberto e assustado. “Não pode”, diria outro, tanto ou mais dubitativo. “Enganam-se” – responde um terceiro. “O passado nunca foi, o passado continua”, ressoava uma voz na Constituinte de 1946. “É esse passado que vira e mexe vem nos assombrar, não como mérito e sim tal como fantasma perdido, sem rumo certo” – escreveu Lilia Moritz Schwarcz, logo após citar o referido constituinte, em seu livro “sobre o autoritarismo brasileiro”. Nada é novo. Tudo é antigo. Apenas se encontrava taciturno dentro de muitas pessoas. Estas os escondiam, mesmo que fossem traídas pelas atitudes de exclusão. Excluíam e excluem quem elas consideravam, e consideram inferiores, abaixo de si mesmas, ainda que carregassem a bíblia debaixo dos braços, ou tivessem acabados de sair da igreja.

Outro dia, bem recentemente, em um bar, uma pessoa foi barbaramente espancada, depois assassinada, apenas porque fora identificada como homossexual. Em oportunidade distinta, Estado também distinto, uma mulher foi violentada, e outras tantas espancadas e mortas. Cenas que se repetem com frequência, assim como as de mendigos sendo escorraçados e mortos. As agressões com palavras aumentam consideravelmente. Vive-se em um ambiente hostilizado. Sociedade anestesiada.  E, estranhamente, há quem estufavam o peito, como fazem agora, para defenderem a meritocracia. “Como fazer valer-se isto, se a desigualdade social ainda é reinante no país?” E, deste modo, uma parcela maiúscula da população fica muito distante das oportunidades. Mas, a “nova” toada espalha e toma conta do salão de dança, cuja entrada só se destina aos de posicionamento de “direita” ou quem se contenta a ser tão somente platéia, não aos que se recusam a bajular os “novos donos do poder”, aqueles, os quais levam a pecha de “esquerdopata”.  Ecoa-se. É isto.  ***___Lourembergue Alves é professor universitário e analista político. E-mail: Lou.alves@uol.com.br

 



fonte: Lourembergue Alves



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