Faculdades são suspeitas de fraudar Enade atrás de notas
Data:18/06/2019 - Hora:09h37
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Três faculdades particulares de Mato Grosso foram alvo de denúncia de fraude no programa do Fantástico anteontem, (16). Segundo a reportagem, a Faculdade Cuiabá (Fauc), a Faculdade Cândido Rondon e a Faculdade Desembargador Sávio Brandão (Fausb) fraudaram a realização do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), que avalia o desempenho dos alunos de ensino superior.
As denúncias foram feitas por um aluno de Administração de uma das instituições. As faculdades, que são comandadas pela empresária Maria Aparecida Enes Andrade, estão sendo investigadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
O Fantástico mostrou que as instituições antecipavam a formatura de alunos que tiravam notas baixas para não participarem do exame. Um professor que trabalhou nas faculdades, contou: "A ordem que foi dada era a seguinte: para os alunos que são ruins, se antecipa a formatura deles, fazendo com que eles ganhem notas."
Além de apressar a formatura dos alunos, as faculdades comandadas por Maria também teriam fraudado o questionário de avaliação da faculdade e a fiscalização in loco da estrutura física das instituições.
A maior parte dessa nota, 55% dela, sai de uma prova feita por estudantes veteranos que já tenham cumprido 80% do curso.
O Fantástico teve acesso à gravação de reunião liderada por Maria Aparecida Enis Andrade, diretora das três faculdades. No áudio, ela fala com professores e repassa orientações de como proceder. "Tem que parar tudo e só intensificar Enade, do jeito que nós estamos a gente nunca vai sair do protocolo de risco", diz a diretora na reunião se referindo a um conjunto de protocolo de sanções aplicadas pelo MEC às faculdades que se saem mal no Enade. Conforme a reportagem, em 2015 as três faculdades tiveram notas baixas: um ou dois quando o máximo é cinco.
A reunião que foi gravada e teve trechos exibidos pela emissora foi realizada um mês antes do exame. "Nós vamos ter que colocar de goela abaixo porque senão no Enade vai ser zero", diz a diretora em outra parte da reunião. Para evitar isso, a direção da universidade deu um jeito para que só os "bons alunos fizessem o Enade e apressou a formatura dos estudantes considerados "mais fracos" que poderiam derrubar a nota média da turma.
Um dos entrevistados pelo Fantástico, um professor que trabalhava em uma das faculdades em 2018, confirmou a fraude por determinação da diretoria. Conforme a reportagem até o questionário os estudantes preenchem como parte da avaliação do Enade com uma série de questionamentos, era manipulado. Isso porque os professores obrigavam os universitários a preencherem o formulário nos computadores da própria faculdade para controlar as respostas dadas por eles.
Ainda de acordo com a reportagem, até a vistoria técnica dos profissionais do Inep realizada nas instituições para avaliar a estrutura como laboratórios e bibliotecas, também era fraudada. Isso porque antes das visitas, a diretoria montava salas interativas, com móveis novos como frigobar, sofás e ampliava o acervo de livros. Porém, recolhia tudo após as visitas dos profissionais do Inep. Por meio de nota enviada pelos advogados, Maria Aparecida negou as irregularidades.
fonte: G1 com Redação
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