O Espírito reconduz os Dispersos
Data:15/06/2019 - Hora:09h03
Divulgação
"O Pentecostes chegou, para os discípulos, depois de cinquenta dias incertos. Por um lado, Jesus ressuscitara: cheios de alegria, tinham-No visto, escutado e até comido com Ele. Por outro, ainda não superaram dúvidas e temores: estavam com as portas fechadas (cf. Jo 20, 19.26), com perspetivas reduzidas, incapazes de anunciar o Vivente. Depois, chega o Espírito Santo e as preocupações desaparecem: agora os Apóstolos não têm medo nem sequer à vista de quem os prende; antes, preocupados por salvar a sua vida, agora já não têm medo de morrer; antes, fechados no Cenáculo, agora levam o anúncio a todas as nações.
Até à Ascensão de Jesus, aguardavam um Reino de Deus para eles, agora estão ansiosos por alcançar fronteiras desconhecidas. Antes, quase nunca falaram em público e muitas vezes, quando o fizeram, criaram problemas como Pedro que renegou Jesus; agora falam corajosamente a todos. Em resumo, a história dos discípulos, que parecia ter chegado ao fim, é renovada pela juventude do Espírito: aqueles jovens, que dominados pela incerteza se sentiam no fim, foram transformados por uma alegria que os fez renascer.
Foi o Espírito Santo que fez isto. O Espírito não é, como poderia parecer, uma coisa abstrata; é a Pessoa mais concreta, mais próxima, aquela que muda a nossa vida. E como faz? Vejamos os Apóstolos. O Espírito não lhes tornou as coisas mais fáceis, não fez milagres espetaculares, não eliminou problemas nem opositores. Mas o Espírito trouxe para a vida dos discípulos uma harmonia que faltava: a Sua, porque Ele é harmonia. Harmonia dentro do homem. Era dentro, no coração, que os discípulos precisavam de ser mudados. A sua história diz-nos que a própria visão do Ressuscitado não basta; é preciso acolhê-Lo no coração. De nada aproveita saber que o Ressuscitado está vivo, se não se vive como ressuscitados. E é o Espírito que faz viver e ressurgir Jesus em nós, que nos ressuscita dentro. Por isso Jesus, ao encontrar os Seus, repete: «A paz esteja convosco» (Jo 20, 19.21) e dá o Espírito. A paz não consiste em resolver os problemas a partir de fora – Deus não tira aos Seus tribulações e perseguições –, mas em receber o Espírito Santo. Nisto consiste a paz, aquela paz dada aos Apóstolos, aquela paz que não livra dos problemas, mas, nos problemas, é oferecida a cada um de nós. Sem o Espírito, Jesus permanece um personagem do passado; com o Espírito, é pessoa viva hoje. Sem o Espírito, a Escritura é letra morta; com o Espírito, é Palavra de vida. Um cristianismo sem o Espírito é um moralismo sem alegria; com o Espírito, é vida.
fonte: Radio Vaticano
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