Escravidão em Cáceres nos séculos XVIII e XIX
Data:16/05/2019 - Hora:08h29
A forma como o trabalho manual se desenvolveu no Brasil desde o período escravista e no contexto da pós-abolição contribuiu em larga medida para a imagem negativa que se constituiu em torno deste. Em Mato Grosso, bem como no município de Cáceres, o controle dos meios de produção estavam concentrados nas mãos dos coronéis, que ajudavam a compor a elite regional. A formação do mercado de trabalho em Mato Grosso foi um Os dois principais locais de agrupamento de mão-de-obra que houve em São Luiz de Cáceres no fim do século XIX e início do XX, mais especificamente entre 1888 e 1920, são: a usina da Ressaca e a fábrica Descalvados. Cada uma possuía suas peculiaridades em relação à
produção e aos trabalhadores que eram recrutados para tal.
Comprada em 1872, por José Maria de Pinho, do capelão José Hipólito de Carvalho, situada na confluência dos córregos Facão e Barreiros, local onde já se fabricava rapadura e açúcar de barro, a usina da Ressaca surgiu em meio à grande entrada de capitais na região,
nela havia a produção de açúcar, aguardente e outros derivados.
Para isso eram utilizadas máquinas a vapor adquiridas na Alemanha através da firma Otto Franke de Buenos Aires, sendo que na mesma propriedade se plantava e colhia a cana-de-açúcar. Com o objetivo de atender as necessidades do consumo local, em 1905 produziu sua primeira safra de açúcar e aguardente. Um dos fatores em comum entre a Ressaca e Descalvados foi a arregimentação da
mão-de-obra nordestina. No caso da primeira, foi devido a dificuldade em encontrar trabalhadores na própria região e pelo fato de ser barata esta força de trabalho. E o da segunda já ocorreu a questão da vinda dos estrangeiros para atuarem na produção. Esta consideração nos remete à afirmação de Florestan Fernandes acerca do destino dos ex-escravos. Pois se já tinham de competir com os trabalhadores da própria região, sua situação piora quando os proprietários ainda buscam mão-de-obra fora do local, ampliando assim a competição que os negros foram submetidos.
Em uma região como São Luiz de Cáceres, com aproximadamente 305 escravos no ano de 1887, sem contar o número de libertos ou mortos com o decorrer do tempo, percebe-se que com o surgimento destes dois empreendimentos não houve a preocupação em se manter os ex-escravos na produção após 1888. Ocorrendo exatamente o contrário, com a chegada da “mão-de-obra nacional” e dos imigrantes, ocupando os locais de trabalho nos principais empreendimentos.
A população que vivia na região de São Luiz de Cáceres não estava habituada com o trabalho determinado com o tempo do relógio. Neste sentido, a usina da Ressaca serviu como centro disciplinador da força de trabalho do município. E serviu para agrupar trabalhadores de regiões fronteiriças. No quer tange a disciplinas, o Código de Posturas da Câmara Municipal de Cáceres, proibia consoante o Art. 39. § 1º in-verbis: os jogos de parada ou aposta por meio de cartas, dados, roletes ou quaisquer e outros nas usinas, bem como realizar sambas, cururus, batuques e outros brinquedos ou divertimentos, que produzam estrando e desordem, d’esta cidade” Neste caso, os usineiros, que se encaixavam entre os grupos de coronéis que dominavam o poder local até a década de 20, recorriam à força do Estado para controlar e disciplinar qualquer forma de resistência ao trabalho.***___ Jornalista Otávio Ribeiro Chaves - Jornal Atalaia - 10 de julho de 1887.
fonte: Otávio Ribeiro Chaves
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