O risco de perder a fidelidade
Data:30/03/2019 - Hora:09h47
Divulgação
O Papa Francisco celebrou na manhã da quinta-feira (28) a missa na capela da Casa Santa Marta e em sua homilia fez um forte convite à conversão. Comentando a liturgia do dia, o Papa advertiu para o risco de se ter um coração que não ouve a voz do Senhor e, indo avante assim por “dias, meses e anos”, se torna como “a terra sem água”, se endurece. No Evangelho, Jesus é claro: “Quem não está comigo, está contra mim”. “Ou se tem o coração obediente, ou perdemos a fidelidade”, comentou Francisco. “Nós, muitas vezes, somos surdos e não ouvimos a voz do Senhor. Sim, ouvimos o telejornal, as fofocas do bairro: isso sim, ouvimos sempre”. O Senhor exorta a ouvir a sua voz e não endurecer o coração. A Primeira Leitura, extraída do profeta Jeremias, descreve justamente esta experiência de Deus diante do “povo teimoso, que não quer ouvir”, disse o Papa de maneira vigorosa. Este trecho de Jeremias é, portanto, “um pouco a lamentação do Senhor”: Deus ordena ao povo de ouvir a sua voz relacionando-a com a promessa de que sempre será o seu Deus e “vocês serão o meu povo”.
Mas o povo não o ouviu e não prestou atenção; ao contrário, “seguindo as más inclinações do coração, andaram para trás e não para a frente e ao invés de se dirigirem a mim, me viraram as costas”. O Papa pediu a cada um para refletir se não fez a mesma coisa. Sempre na Primeira Leitura, Deus recorda que, desde a saída do Egito, enviou “todos os seus servos, os profetas”, mas não foi ouvido. Ao invés, “se obstinaram no erro, procedendo ainda pior que seus pais”. “Se falares todas essas coisas”, diz o Senhor, “eles não te escutarão” e termina com “esta declaração triste” que “é um testemunho de morte”: “a fé morreu”.
Um povo sem fidelidade, que perdeu o sentido da fidelidade. E esta é a pergunta que hoje a Igreja quer que nós façamos, cada um: Eu perdi a fidelidade ao Senhor? – “Não, não, vou todos os domingos à missa …” – Sim, sim: mas aquela fidelidade do coração: eu perdi aquela fidelidade ou o meu coração está duro, obstinado, surdo, não deixa entrar o Senhor, se vira sozinho com três ou quatro coisas e depois faz o que quer? Esta é uma pergunta para cada um de nós: todos devemos fazê-la, porque a Quaresma serve para isso, para reavaliar o estado do nosso coração. “Ouça hoje a voz do Senhor” é o convite da Igreja. “Não endureçam o coração”. Quando alguém vive com o coração duro, que não ouve o Senhor, vai além de não ouvi-lo e quando há algo do Senhor que não gosta, deixa-O de lado com algum pretexto, descreditando o Senhor, caluniando e difamando-o.
Jesus diz: quem não está comigo, está contra mim “Foi o que aconteceu com Jesus e a multidão”, disse o Papa comentando o Evangelho do dia, para explicar o que significa descreditar o Senhor. Jesus fazia milagres, curava os doentes e esses obstinados o que disseram? “É por meio de Belzebu que Ele expulsa os demônios”, recordou Francisco, acrescentando que “descreditar o Senhor” é “o penúltimo passo dessa rejeição”.
Cada um de nós pense, hoje, durante a missa e depois durante o dia: pensar um pouco. “Como vai a minha fidelidade? Eu, para rejeitar o Senhor, procuro algum pretexto?”. Não perder a esperança. E essas duas palavras– “a fé morreu” e “quem não está comigo, está contra mim” – ainda deixam espaço para a esperança, inclusive a nós.
O Papa conclui a homilia recordando, porém, que somos chamados a regressar ao Senhor, como exorta a fazer a Aclamação ao Evangelho: “Voltai a mim de todo coração”, diz o Senhor, “porque sou misericordioso e piedoso”. “Sim, o seu coração é duro como esta pedra, tantas vezes você me descreditou para não me obedecer, mas ainda há tempo”
fonte: Radio Vaticano
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