Anjo da Ventura
Data:31/07/2018 - Hora:08h49
Quando a gente passa hoje na esquina das ruas Coronel José Dulce e Comandante Balduino em Cáceres, no alto do prédio naquela confluência, a escultura de uma mulher angelical alada, nos faz viajar ao longínquo ano de 1890, data segundo consta, referida imagem foi ali colocada. Pelas datas, 128 anos passados, com certeza nem meus avós barriga verde que descansam em alguma necrópole sulista, estariam vivos, se aqui residissem naquela época, para explicar o mistério da imagem no topo de uma casa comercial, sim, porque segundo pesquisei, ali estava estabelecida o Anjo da Ventura, no final do século XIX. Como gosto de desafios e aprendi isso nas aulas práticas de geografia nos bancos de faculdade, viajei na maquina do tempo da minha imaginação, mesmo porque o tempo não pára. Pelo que apurei, a probabilidade é de que a escultura teria sido trazida num navio vapor, cruzando o Atlântico, no último quarto do século XIX para compor a fachada da casa comercial Ao Anjo da Ventura, do pioneiro Coronel Dulce. Busquei e encontrei nos anais, que em 1871 José Dulce e um italiano nato, Leopoldo Lívio D’Ambrósio fundaram a comercial José Dulce & Vilanova, inicialmente, Rua de Baixo, hoje Marechal Deodoro, para compra e venda de tecidos, perfumarias, cristais, móveis, ferragens, drogas, armas de fogo, bebidas, arreamentos, roupas, para exportação, expandindo suas atividades, produtos nacionais e importados, exportando couro silvestres e ervas medicinais. Pronto, chegamos ao ano de 1890, meu objeto de estudo, a escultura aérea do topo do prédio, que intriga tanta gente; A firma dos Dulce e Ambrósio transferira a sede comercial para a esquina da Travessa da Cadeia com a Rua Augusta, depois, Ruas Comandante Balduíno e Coronel José Dulce, funcionando como agência de crédito e financeira na medida em que era preposto do Banco do Brasil. Nos registros que encontramos, após alguns anos, José Dulce comprou a parte de Leopoldo D’Ambrósio, tornando-se um mega empresário, no ramo produtivo e transporte de passageiros e cargas, somando mais de 70 mil alqueires de terras e titular do Vapor Etrúria, que Lorde Dannyelvis cita em sua musica Rota do Paraíso. Longe de buscar um motivo especial do Anjo da Ventura estátua, seu significado secundário ou convencional, pois uma análise iconográfica dela prescinde de notas, concluímos só uma questão: a escolha de José Dulce ao colocar aquela imagem sobre o topo de sua firma, só pode ter como origem, sua fervorosa religiosidade católica apostólica romana, acreditando que ali, o Anjo da Ventura, estava abençoando o empreendimento comercial e toda a cidade de Cáceres. No bi-centenário da Princesa que nasceu Rainha, eu era uma menina sonhadora, aqui cresci, me casei, formei família e acredito mesmo que todos nós, cacerenses, temos um Anjo da Ventura cuidando de nós, com a missão divina de proteger Cáceres e as pessoas que aqui residem, trabalham e vivem. ***___Rosane Michelis, jornalista, pesquisadora, bacharel em geografia e pós em turismo.
fonte: Rosane Michelis
» COMENTÁRIOS
|
|
Publidicade
High Society
|