As Meninas Curiosas
Data:26/06/2018 - Hora:08h37
Conheci através da internet a escritora Inês Gil, que conta histórias especialmente para crianças e adorei sua fábula da menina curiosa, algo diferente e como também sou curiosa, procurei transcrever esta historinha, mas com nova roupagem, trazendo um pouco da ficção para a realidade e com isso, mostrar que tudo na vida da gente é história. No conto de Inês, uma cobra queria engolir uma galinha, mas o pai de uma futura menina tentou matar a serpente e a galinha salva virou uma fada e a cobra, uma ratazana de bruxa. A fada disse que o lenhador teria uma linda filha e pediu para ele, ao invés de matar a cobra bruxa ratazana, que a prendesse numa gaiola de ferro, e esta, como praga, disse que ao ser pai, sua filha seria muito curiosa, com sérias conseqüências. No meu conto, ao nascer, a menina curiosa não é filha de um lenhador, e mesmo que fosse, não iria comprometê-lo junto ao IBAMA. Na historinha da Inês, o lenhador foi para casa, mandou fazer uma caixa de ferro e fechou lá dentro a ratazana sem pelo. Tempos depois, a mulher do lenhador teve uma filha realmente linda, esperta e inteligente, mas cumprindo a praga da bruxa, muito curiosa. A menina cresceu e não abria a caixa de ferro a pedido do pai, até que ao completar 12 anos, na ausência do pai, abriu a tal caixa e a bruxa ratazana fugiu. Toca a correr atrás da bruxa e arrependida do feito, nessa corrida caiu e desmaiou, sendo desperta por um príncipe que a levou ao reino de seus pais, onde virou princesa, mas não podia entrar numa certa sala que lhe indicaram. Certo dia, ela num vacilo da corte, ela entrou na sala, e pouco depois envergonhada do feito, fugiu pela floresta onde foi socorrida por uma velhinha que a tratou muito bem e deu-lhe uma caixinha, que só poderia ser aberta quando ela completasse 21 anos e ao meio dia. Curiosa, vai não vai, lembrou-se da bruxa ratazana, da sala do castelo, e esperou os 21 anos e o meio dia, pra abrir a caixinha secreta. Ao abri-la, saíram dela, o príncipe, seus pais e os cavaleiros que há tempos, andavam à sua procura. E a velhinha transformou-se na linda fada que já conhecia seu pai, e disse à menina, que ela tinha vencido a curiosidade e que, a partir dali, já podia viver descansada. E ela se casou com o príncipe e foram felizes para sempre. Fim da história? Claro que não, aqui começa a minha, ou nossa historinha: A menina curiosa da história real, que resolvi transmutando a ficção de Inês Gil para contar hoje a vocês, nasceu em Cáceres, tinha um pai gênio que nunca precisou prender cobra numa caixa de ferro; uma Mama adorável que espantava aquelas bruxas que não valiam um pequi roído jogando sal atrás da porta; a menina curiosa, que brincava com as galinhas no fundo do quintal, sem cobras, na Rua da Manga; e que um dia passou por uma sala secreta, cujas portas e janelas se lhe abriram no castelo de um reino de estudos e trabalho. E nessa floresta de cimento, um bondoso velhinho lhe deu uma caixinha para ser aberta somente após anos de estudos. Superado o lapso temporal, a curiosa menina feliz, pelo vicio salutar de leituras e pesquisas, afinal, abriu a caixinha e dentro dela, a menina curiosa como resultado se sua luta encontrou com méritos e bênçãos do divino velhinho, diplomas universitários e a independência; Hoje a menina curiosa olha-se no espelho da realidade e conclui que nessa floresta de cimento, entre bruxas e fadas, ser curiosa nem sempre é defeito, sobretudo, quando se tem o doce vicio de ler, buscar novos conhecimentos, e escrever, não é mesmo? ***___Rosane Michelis, é jornalista, pesquisadora, bacharel em geografia e pós em turismo.
fonte: Rosane Michelis
» COMENTÁRIOS
|
|
Publidicade
High Society
|