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Ficar na defensiva pra quê?
Data:12/04/2018 - Hora:08h25
Ficar na defensiva pra quê?
Arquivo Pessoal

“[...] Pela primeira vez haviam se olhado. É, se olharam sim, mas não como estavam acostumados. Havia algo de diferente, algo no ar dizia que as hostilidades estavam com seus dias contados. Não era um olhar de paixão. Não, não estavam apaixonados. Nada a ver. Também não era amor, muito menos cilada, mas respeito. Um respeito convidativo, que junta, que chama para um exercício edificante de solidariedade mútua e coletiva. O ódio que até então os desgastava, evaporou, e por cima do abismo que os separava, num estalar de dedos, fez-se uma ponte. E da ponte, novas oportunidades surgiram, e das oportunidades, novas possibilidades de ser e fazer diferente apareceram.

As máscaras caíram, no fundo, após se examinarem, perceberam que possuíam preocupações em comum, pendências aqui e acolá que afetavam a ambos. Perceberam que se o sol brilha para um, é importante lutar e somar esforços, a fim de que brilhe para todos, com igualdade e justiça. Por fim, perceberam que se um direito fundamental é negado, essa negativa não é isolada, não afeta apenas a uma única pessoa, a vítima, no caso, mas abala a paz e a dignidade de todos, sem exceção, mas sem exceção mesmo!

Se olharam. Sorriram. Acenaram um para o outro. Sentaram-se à mesa. E dialogaram. Dialogaram como nunca antes. Dialogaram não de si e para si, num típico afã narcisista, como se conversassem com um espelho, mas com o outro que estava para fora deles, com o outro que, mesmo pensando diferente ou mesmo discordando, existe, e existe em sua inteireza, não parcialmente, não pela metade. Dialogaram (com) e (sobre) o mundo”. O diálogo é sempre o melhor caminho. Não é de hoje que ouvimos esse conselho, já está gasto inclusive, bem velhinho, mas volte meia cruzamos com ele. Contudo, da mesma forma que não é de hoje que o ouvimos, também não é de hoje que o desprezamos. Oh tristeza! E assim continuamos, na tradicional prática do façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço.

Dialogar é um verbo que, para além da existência de um assunto (sobre o que tratar) e de um interlocutor (com quem tratar), requer a adoção de um comportamento desarmado, sensível a situações e bandeiras que não sejam apenas àquelas de quem fala; requer também um comportamento despretensioso, aberto à diversidade, que não parte de verdades absolutas e que, com sinceridade e transparência, argumenta e contra-argumenta, não como um rompante de soberba, mas como uma tentativa de estar disponível a pensar e repensar sobre o que nos rodeia.

Dialogar é, portanto, não sair por aí alimentando inimizades ou convencimentos, impondo desejos e padrões de “ser” e “estar” no mundo. Tampouco, ao me expressar assim, quero dizer que dialogar seja uma prática a arrebanhar amizades e unanimidades ou que seja a prática das doçuras e canduras. Olha só, dando mais destaque ao caso, diria que dialogar é construir conjuntamente: transformações.

E vamos entrar num acordo, não são quaisquer transformações que o ato de dialogar nos proporciona. Até porque, se entendêssemos transformação como um mero remendo do estado de coisas em que nos encontramos, de nada adiantaria levantar as bandeiras propostas neste texto.

Fazendo um paralelo sobre isso, por exemplo, se porventura uma casa tiver seus alicerces comprometidos, não será uma simples demão de tinta que solucionará o problema, da mesma forma, quando tratamos de transformação, cujo significado sugere uma mudança profunda e, por vezes, radical de nossos pensamentos e práticas, não será uma simples medida que fará com que o caos se dissipe. Transformação que é transformação se volta aos alicerces, para à investigação e à tentativa de superação das raízes dos problemas e não à pintura da fachada. Transformação que é transformação, dessa forma, como fruto do diálogo, busca jogar luz ao que está oculto, ao que está no inconsciente das paredes.

Assim, como primeiro passo, as transformações às quais me refiro, construídas a partir do diálogo, são aquelas que, sem artimanhas, se preocupam em desnudar as desigualdades sociais (crônicas) que nos formam, de modo a nos mostrar as origens estruturais de nossos atrasos e constantes recuos, que, como já me manifestei em outros momentos, estão para muito além do que espalham e inventam e, no mesmo sentido, estão para muito além de uma interpretação simplista, moralista e rasa de nossos contextos.

E, como segundo passo, as transformações às quais me refiro, construídas a partir do diálogo, são aquelas que se preocupam em elaborar um projeto de Estado. Um projeto assentado nos valores democráticos e na justiça

social. Um projeto cujas ideias não sirvam para preencher folhas em branco, para dar volume ao que é oco ou para que somente seja lembrado quando convém ou quando se quer fazer bonito perante “alguém ou alguma instituição lá do estrangeiro”. Um projeto, mesmo que com dificuldades, mesmo que com destemperos, a ser colocado em prática no presente, e não como uma promessa ou uma programação para o futuro. Ora bolas, dignidade não se adia.

Ainda sobre dialogar, problematizando um pouco mais o tema, fico me perguntando: como avançar em pautas importantes para a nossa cidade, para o nosso estado e para o nosso país se, minimamente, nem para escutar estamos muito entusiasmados? Se o que andamos semeando por onde transitamos não passa de rancor, revanchismo e vontade de vingança? Se reproduzimos (e permitimos a reprodução) de noções naturalizadas sobre o nosso meio, fundadas num senso comum perverso? Se apenas ouvimos aquilo que guarda semelhança ou correspondência com os nossos discursos?

Não sei não, posso estar até jogando conversa fiada, mas, pelo que ando vendo, o lance ultimamente está sendo só falar. Não há paciência para escutar. Dialogar então, como defendi, é um privilégio. E, para piorar, quando acontece, é só fogo de palha mesmo, só pra dizer que não foi por falta de tentativa, sabe!? Aquele velho desencargo de consciência. Acho que nos esquecemos de que “quem fala muito (e escuta pouco) dá bom dia a cavalo”, como nos ensinam os antigos.

Dialogar é, livre de qualquer dúvida, o melhor caminho. E é o melhor caminho, não porque estou dizendo que é, mas porque, de olho em seus efeitos práticos, congrega, reúne, promove encontros e, principalmente, nos coloca em contato com outras leituras dos fatos, para além daquelas que já carregamos na cacunda. Não há vencedores ou perdedores em um diálogo, há sim entusiastas de tempos melhores. Tempos melhores para todos, vale ressaltar. Tempos de reflexões. Tempos de diálogo. ***___José Ricardo Menacho - Professor do Curso de Direito da Unemat/Cáceres




fonte: José Ricardo Menacho



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