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Salvador da pátria, existe?
Data:28/02/2018 - Hora:07h37
Salvador da pátria, existe?

Não acredito em salvadores da pátria na política. E a minha descrença não é só pelo fato de que, como bem nos ensina a sabedoria popular, ninguém é perfeito, mas também e, principalmente, pelo fato de que ninguém está “pronto e acabado”, completo e irretocável para dar conta, num passe de mágica, das complexidades da realidade na qual estamos inseridos.

Não quero afirmar com isso que este ou aquele representante político, ou este ou aquele candidato, não possam estar preparados (ou dispostos) para esta ou aquela missão ou para assumir este ou aquele cargo eletivo. Quero me dirijir, na verdade, aos que se colocam e, com a mesma preocupação, aos que são colocados, como tipos ideais, anjos vingadores, figuras mitológicas ou heróis contemporâneos da Marvel, pois quem assume essa postura, ou assim é considerado, ademais da arrogância desnecessária, nega a diversidade e, por consequência, tapa os olhos às peculiaridades e às vulnerabilidades existentes em nosso meio, como se para tudo e para todos houvesse uma solução redondinha, uma carta na manga pré-estabelecida, formatada, aplicável a toque de caixa, sem carecer de muita reflexão, estudo, sensibilidade ou de previsão de eventuais efeitos colaterais.

Afinal, não podemos nos esquecer de que super-heróis, com tantos poderes sobre-humanos e fantasiosos, alvos de tantas expectativas e esperanças, só são encontrados, por enquanto, nos quadrinhos. Da mesma forma, filosofando um pouquinho mais, não podemos também nos esquecer de que antes de atribuirmos a quem quer que seja – ou a nós mesmos inclusive – o “honroso” título ou o “slogan” de exemplo ou de modelo a ser fielmente seguido, ou de a certeza e o alento para o caos, como está na moda, é necessário compreendermos que estamos em construção, em andamento – e o curioso é que sempre estaremos – pois, mais do que ter ou dar respostas, supostamente precisas e conclusivas, são os questionamentos, as dúvidas e as divergências que nos orientam a caminhar e, ao mesmo tempo, a ladrilhar os caminhos com criticidade e atenção.

Façamos um exercício juntos. Seria honesto (e razoável) admitirmos diante da infinidade de visões e leituras de mundo, de comportamentos, de lugares de fala, de grupos, de ideias, de injustiças e de preconceitos que,

rejeitando ou aceitando, fazem parte de nosso cotidiano, uma postura de um candidato ou de um representante político avessa ao diálogo, ensimesmada, despreocupada com quaisquer sensos de alteridade e de equidade, oportunista e castradora de direitos fundamentais? O resultado dessa experiência seria, obviamente, um desastre. E seria, não porque eu digo que seria, ou porque eu quero que seja, ou porque apoio a lógica do “quanto pior melhor”. Digo que seria, porque é impensável, sobretudo na política, querer “passar a régua” e assumir uma postura insensível ao que está para além do entorno; uma postura única, de uma nota só, despreocupada com causas e razões dos fenômenos que busca superar.

Bom, eu já disse que não acredito em salvadores da pátria na política. Na brevidade do espaço, apresentei minhas justificativas e compartilhei alguns exemplos. No entanto, fica ainda no ar a pergunta: “mas então, em quem ou em que você acredita”? “Termina assim, simplesmente não acredita e ponto”?

Pensando sobre o tema, e a fim de não recair em uma contradição, porque não cabe a mim, após o que manifestei, definir um perfil de salvador da pátria. Levantaria então, em primeiro lugar, a bandeira da política. Eu acredito é na política. Não a repudio. Não a esvazio. A política é o nosso oxigênio. Acredito em suas potencialidades e em suas vocações. E é a partir da política, e não pautados no mal uso que fazem dela, que conseguiremos promover transformações. E estruturais, não qualquer tipo de transformação. ESTRUTURAIS, destaco bem. A política é o ponto de partida.

Em segundo lugar, eu também acredito na democracia, mesmo que hoje talvez, por tantos altos e baixos sucedidos, tenha se tornado clichê ou um tanto irreal, a depender de quem faça a interpretação do período, dizer isso. Para mim, não. Sigo com a mesma crença. É a democracia que proporciona voz, vez e visibilidade às nossas demandas e propostas. É a democracia que nos dá liberdade para tomar partido das causas referentes à concretização da dignidade humana e, simultaneamente, disputar os campos necessários para a sua viabilidade – e friso, não com armas, com violência ou com ódio, mas com idéias, com inteligências compartilhadas, com debates.

Em terceiro lugar, por fim, já me alongando um tiquinho, para variar, eu acredito em formação política. Formação que não se confunde com doutrinação, como querem sugerir alguns. Formação que não se confunde com

arregimentação ou manipulação. Formação que nos ensina a ouvir, argumentar e contra-argumentar. Formação que fomenta discussões, para além do senso comum ou das “fakenews” propagadas nas redes sociais. Formação que nos permite ponderar sobre os problemas e os desafios do nosso bairro, da nossa cidade, do nosso estado e do nosso país. Formação política que auxilia a preencher o conteúdo de nossas cidadanias, aguçando os nossos sentidos, os nossos filtros e nos aproximando mais e mais dos nossos contextos.

Repito, não acredito em salvadores da pátria na política. E se houver algum, trabalhemos com essa hipótese, não há de ser outro senão o povo. O povo sim, tomando posse de seu tempo, de suas circunstâncias, de seus conflitos e de seus quereres é o único capaz de se salvar.

José Ricardo Menacho - Professor do Curso de Direito da Unemat/Cáceres




fonte: José Ricardo Menacho



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