Acampados voltam a ocupar parte de fazenda em Cabaçal
Data:15/02/2018 - Hora:08h26
Radio 14 M-FM
Criação do assentamento segundo os acampados é passo essencial para resolver o problema das famílias, que demandam terra para viver, produzir e ter vida digna.
A Fazenda Itaguaíra, no município de Araputanga, localizada próxima ao município de Reserva do Cabaçal, na região Oeste do Estado, uma propriedade com 900 alqueires, pertencente ao fazendeiro Rudinei Velasco, voltou a ser ocupada por mais de 100 famílias do MST, os Trabalhadores Rurais Sem Terra, na madruga do último sábado (10).
Os camponeses alegam que a área pertence a União porque seu proprietário ainda não obteve do INCRA a posse definitiva. Consta apenas uma matrícula de número 64 no Cartório de Registro de Imóveis de Araputanga.
A fazenda, que vive em conflito há quase 20 anos, havia sido alvo de uma ação de reintegração de posse determinada pela Justiça em agosto de 2017. Na época, conforme relatos de acampados, após mais de 15 anos no local, máquinas contratadas pelo fazendeiro destruíram lavouras, casas e alguns acabaram deixando para trás animais de criação, como bovinos, eqüinos, suínos e aves.
Após 6 meses da desocupação, os acampados decidiram retornar à fazenda para reafirmar sua luta, garantindo permanência até que o governo federal a destine pelo menos uma parte para a reforma agrária. “A nossa principal reivindicação foi sempre a de que a área seja vistoriada a fim de ser desapropriada ou que uma parte dela seja comprada pelo INCRA”, disseram eles.
A criação de um assentamento no local, segundo os acampados, é passo essencial para resolver o problema das famílias, que demandam terra para viver, produzir e ter uma vida digna. Muitas até não tem uma casa para morar.
O temor dos acampados, incluindo mulheres com filhos menores e de colo, é de uma reação violenta por parte de um grupo de segurança (pistoleiros) contratado pelo fazendeiro, que segundo eles, percorre a propriedade em uma caminhonete armados de revólveres e espingarda de grosso calibre. Alguns disseram que já foram ameaçados de morte.
Os acampados se dizem revoltados com o prefeito da cidade, Tarcísio Ferrari (PSD), que tem se posicionado contrário à luta deles, hipotecando apoio ao fazendeiro, de quem supostamente teria adquirido uma parte da propriedade em conflito. Além do prefeito, o presidente da Câmara, Pedro Paulino de Souza (PMDB) também teria comprado um outro lote de terra.
A maioria dos acampados já está construindo barracas de lonas a margem da rodovia MT-248, que liga Reserva do Cabaçal a Araputanga. Boa parte disse ser de Reserva e que estão aguardando a chegada de mais pessoas. Eles apelam às autoridades estaduais e federais para que atentem para a questão no sentido de por um fim neste conflito agrário que já se arrasta a quase duas décadas.
fonte: Radio 14 AM-FM com Redação
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