A Real do Real ao Real
Data:13/09/2017 - Hora:07h36
Como colônia, o Brasil não tinha moeda com nome próprio, mas tinha moeda de fabricação própria desde que, em 1695, foi proibida a circulação de moeda portuguesa e espanhola no país e a recém-fundada casa da Moeda, na Bahia, começou a produzir as “duas patacas” de prata. Proclamou-se a independência, mas a unidade monetária continuou a ter o nome da portuguesa: o real, réis, no plural, que duraram (naturalmente perdendo valor e virando mil-réis e depois conto-de-réis (um milhão de) até o final do Governo Vargas.
Até os anos 70, embora tivéssemos a capacidade técnica de produzir cédulas, não as podíamos fazer nem na variedade nem na quantidade necessárias. Começamos com a de cinco cruzeiros, a nota do índio, valor que depois das mudanças monetárias ficaria com o Barão do Rio Branco, em cédulas da inglesa Thomas de La Rue, uma das muitas estrangeiras que imprimiu nossas cédulas.
Sempre foi um desafio para nosso país conseguir produzir seu próprio papel moeda e só nos anos 70, na série que tinha Pedro II na nota de dez cruzeiros (os cinco eram com Pedro I) é que nos tornamos auto-suficientes na produção de meio circulante. Desenvolvemos uma alta capacidade técnica e as mudanças de padrão monetário, se aumentaram o trabalho em quantidade, permitiram uma enorme evolução tecnológica, em durabilidade e segurança. Agora, mais de 300 anos depois de termos criado a Casa da Moeda e quase meio século depois de termos nos tornado autônomos na produção de dinheiro, o Governo Temer anuncia a privatização da Casa da Moeda do Brasil e de toda a sua fabricação a grupos privados. Do dinheiro e todos os impressos de segurança que ali se fazem, como os passaportes. Os americanos, que não são bestas, têm, desde a Guerra Civil, o seu “The Engraving and Printing Bureau of the Treasury Department”, bem estatalzinho e controlado.
Aqui, Moreira Franco, este varão de Plutarco da honradez, comunicou hoje que, por uns trocados, o Governo entregará a fabricação da moeda nacional a quem deseje comprar as “guitarras”, como eram chamadas as máquinas de fazer dinheiro. Antonio Carlos Magalhães, conhecedor do assunto, diz que FHC dizia que Moreira Franco não podia ficar onde houvesse um cofre. Que diria dele, então, sobre se metê-lo junto com máquinas de fazer dinheiro? Michel Temer, como já se havia antecipado aqui em abril, assinou decreto extinguindo a Reserva Nacional de Cobre e Associados, a Renca, uma área gigantesca situada entre o Pará e o Amapá, quase a soma dos estados de Alagoas e Sergipe, onde, além do cobre, há de ouro em grande escala (supõe-se em escala semelhante a Carajás e também importantes reservas de titânio e de fosfato, além de ferro e tântalo, um insumo necessários à industria aeronáutica e aeroespacial.
Para isso, será preciso levantar as restrições sobre partes do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque (o maior parque florestal do Brasil), as Florestas Estaduais do Paru e do Amapá, a Reserva Biológica de Maicuru, a Estação Ecológica do Jari, a Reserva Extrativista Rio Cajari, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Ia Estação Ecológica do Jari, a Reserva Extrativista Rio Cajari, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru e as Terras Indígenas Waiãpi e Rio Paru d’Este. É lógico que se poderia aproveitar parte das riquezas com baixo custo ambiental e humano, há muitas comunidades indígenas na região, mas será que alguém acredita que o carente Estado brasileiro, com recursos podados de todos os lados, terá condições de exigir projetos de baixo impacto e fiscalizá-los? Nem pesquisas atualizadas sobre a região temos, embora os satélites de sensoriamento remoto dos nossos “irmãos do norte” já devam conhecer cada grão de terra da região.***___documentosperdidos.com.br
fonte: documentosperdidos.com.br
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