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Mentes com partido
Data:23/09/2016 - Hora:08h58

           No artigo “A tragédia e a educação” (Diário de Cuiabá: 15/09), expus duas visões antagônicas sobre concepções de educação. Dois Mendonça Filho protagonizam o antagonismo. Em uma delas, José Mendonça Filho, ministro de Educação, após concordar que o nosso ensino é uma tragédia, defendeu a aprovação do PL 6840/2013, de Reginaldo Lopes (PT-MG), que propõe um “currículo enxuto e flexível ao ensino médio”.

            A outra concepção é a que o cineasta Kleber Mendonça Filho expõe por meio de um diálogo apresentado no filme nacional Aquarius. O diálogo se dá entre as personagens Clara (Sônia Braga) e Diego (Humberto Carrão). Clara é a única moradora que resiste em sair de um edifício que se transformou em interesse empresarial. Diego é um jovem empresário/arquiteto que não mede esforços – que tocam o grau da crueldade – para ver os seus projetos realizados.  Questionado por Clara sobre sua formação, Diego responde ter se formado em Business nos EUA. Indignada com as ações do rapaz, Clara lhe diz que aquela formação não o transformara em um ser humano melhor; que, ao contrário, o desumanizara.

            De minha parte, condenei a proposta desejada pelo MEC: a de defender um projeto que enxugue e flexibilize o currículo do ensino médio. Na essência e na esteira do ENEM, no lugar das disciplinar, o projeto contempla cinco áreas: linguagens, matemática, ciências humanas, ciências da natureza e ensino técnico. Esse é o caminho da dissolução de algumas disciplinas, como História, Geografia, Filosofia e Sociologia.

            Em minha condenação a essa proposta, afirmei que a educação, amparada em discursos que falam de sintonia com o momento presente, não deve ter como centralidade os interesses do mercado. Esse tipo de educação é pensado para os filhos pobres da pátria-mãe nada gentil.   Minha oposição a isso bastou para que uma leitora – “graduada em Administração e pós-graduada em Gestão de Custo” – se dirigisse a mim, via e-mail, de forma agressiva. De início, respeitando seu direito de pensar diferente, ela me faz duas indagações: a) “que problema há de a educação estar casada com os interesses do mercado?”; b) “qual é o problema de a educação estar em sintonia com o seu tempo?”.

            Como resposta, fico com a força do diálogo já mencionado entre Clara e Diego. Naquele diálogo, metonímia de uma lógica predominante deste momento humanamente miserável, vemos a força que o “deus mercado” assume no cotidiano ao penetrar em mentes ocas. Tais mentes se tornam fanáticas pela lógica que move o capitalismo, tão “bom” quanto outros sistemas que já se transformaram em ruínas.

            E por falar em outros sistemas que viraram escombros, é na segunda parte da mensagem que a leitora mostra as garras. Começa me dando uma ordem: pegar “a entrevista do Mendonça Filho (o ministro), nas páginas amarelas da Veja”.

            Depois da ordem, intercalando falas do ministro com suas próprias, a leitora passa a adjetivar professores que supostamente pensariam e/ou agiram como eu. Em sua opinião, seríamos “esquerdizóides” que “infestaram” as escolas e universidades para a “doutrinação ideológica”. Diz mais: “que nosso ensino continuará medíocre porque os pseudos-professores são comunistas medíocres”. A fala preconceituosa dessa leitora revela que o discurso do status quo já dominou as mentes mais despreparadas que, por si, jamais enunciariam essas formulações além-fronteiras. Organismos internacionais já insistem em uma educação voltada ao mercado há décadas.

            A novidade é que o conjunto de tais discursos se aglutinaram no Projeto de Lei 193/2016, chamado de “Escola sem partido”, do senador Magno Malta (PR-ES). Todavia, um de seus líderes é Miguel Nagib, advogado e coordenador da organização contra àquilo a que chama de “doutrinação política e ideológica em sala de aula e a usurpação do direito dos pais dos alunos sobre a educação moral e religiosa dos seus filhos". Em suma, é a ditadura ideológica, não mais vestida de fardamento militar, mas de roupas civis, em geral, de ternos e gravatas. Detalhe: é comum que os ternos e as gravatas tenham colarinhos bem branquinhos... A leitora ainda me faz a seguinte provocação:  “Se você acha que tem estofo para o debate, podemos continuar”. Podemos.

Roberto Boaventura da Silva Sá é Prof. de Literatura/UFMT




fonte: Roberto Boaventura da Silva Sá



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